Atenção: percepção requer envolvimento...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Carnaval na Sapucaí

De fato, como todos dizem, o Carnaval no Rio é único! Especialmente o da Marquês da Sapucaí, palco onde acontecem os mais belos espetáculos desta festa!
Tive o prazer de desfilar em duas escolas: a Unidos de Padre Miguel e a Unidos do Porto da Pedra. A primeira ,do grupo de acesso e a segunda do grupo especial. Senti na pele a emoção de passar pela avenida, sentir a vibração do público e fazer, literalmente, parte desta festa! Sempre fui distante do Carnaval, achando a Sapucaí uma grande bagunça. Mas quando se vê de perto essa "bagunça", você não quer sair mais dela!
E parabéns a Unidos da Tijuca, escola de samba do meu bairro, pelo mereceido título!

Até!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O piano

O PIANO

Artur da Távola



                    Um piano. Um fundo negro. Um intérprete vestido de negro com camisa branca. Um público do outro lado. É uma das relações mais solitárias e ao mesmo tempo povoadas do que se pode ter notícia. Solitária porque o pianista é apenas o que os seus dedos e os seus pés percutem. E povoada porque o piano é um instrumento de inúmeros recursos. É dentre todos os instrumentos, com exceção do órgão, o mais rico em sonoridades, em escalas. É como se costuma chamar, um instrumento sinfônico. Tanto que existem numerosas peças sinfônicas escritas antes para o piano e conforme os acordes e os timbres, é depois colocada uma orquestração.


                    Quando o pianista está a fazer um solo diante do público, até definir a relação com o público, é alguém solitário e, de certa maneira, temeroso. Há um certo momento em que mesmo sem ver o público, o pianista sente a existência silenciosa de uma empatia, o que o leva a aprimorar o desempenho por estar seguro de que estará bem.



                    Outra questão trazida pelo piano é um conflito existente nele. Para alguns o piano é um instrumento de percussão. Para outros o piano é um instrumento cantante. Por que de percussão? Porque quando se aperta uma tecla, um martelo bate nas cordas. Por que cantante? Porque quando ele não é percutido, ele pode simplesmente cantar e ser um instrumento puramente melódico. É do jogo entre percussão e a capacidade de cantar que está a técnica para a escrita pianística e igualmente a técnica do pianista.



                    O piano foi chamado originalmente de pianoforte, o que quer dizer: baixo forte, no sentido de tocar baixo. Piano, em italiano, quer dizer suave, tocado baixo. Como depois do cravo veio esse instrumento maior, mais forte, ele ganhou nome de pianoforte, depois passando a ser chamado pura e simplesmente de piano. Em italiano, ele é até hoje chamado de pianoforte. Não nos esqueçamos de um adagio italiano: “Piano, piano, si va lontano”. Ou seja, baixo ou devagar, suave. É, em outras palavras, o nosso “devagar se vai ao longe”.


1 - O PIANO – JOSÉ FEGHALY



                    O pianista José Feghaly é um pianista de atitude reflexiva e alguém que não acelera os andamentos para brilhar e parece ter uma ligeira predominância da idéia do piano percutido sobre o piano cantante, o que dá uma força um tanto rebelde à sua interpretação.



                    Como em uma interpretação difícil de peça de Villa Lobos. Peça profundamente sentimental com alguns momentos de arroubo, de grandiloqüência, de um discurso bem brasileiro porque repleto de sonoridades patentes e também inusitadas para o seu tempo. Mas o seu sentido sentimental acaba por perdurar sobre a sua preocupação tanto rítmica como de acordes de buscar sonoridades novas para o tempo de Villa Lobos e de sonâncias, etc.


2 - ARNALDO COHEN EM VILLA LOBOS


                    É muito interessante, ao lado das solenidades dos concertos, ver-se um pianista em manga de camisa, sem o compromisso de enfrentar o público, a realizar uma meditação musical ao piano. É o que, em obra de Villa Lobos, permite-se o grande pianista brasileiro, consagrado internacionalmente: Arnaldo Cohen. Em mangas de camisa, com a camisa dobrada no punho, o pianista Cohen percorre as teclas de Villa Lobos numa versão menos percutida, bastante suave (bastante suave porque há quem toque esta música de modo mais agressivo) – ele realiza uma espécie de viagem interior, de certa maneira a se deliciar com algumas harmonias na mão esquerda e o gosto de sentir a sonoridade do piano.



                    Quando o pianista está mais solto, assim como se estivesse em seu estúdio, num momento de solidão e inspiração, deve-se ter uma versão interessantíssima pois nos espetáculos sempre há alguma tensão, a obrigação de acertar. E por falar em obrigação de acertar, lembro-me de um velho pensamento chinês, retirado da Arte do Arco e Flecha tão tradicional da China da antigüidade que diz com muita precisão o seguinte: “É a necessidade de acertar que faz tremer a mão do arqueiro”.


3 – JOSÉ FEGHALY – ERNESTO NAZARÉ


                    O mesmo piano que em Villa Lobos atinge momentos contraditórios, ásperos às vezes, misturados com outros líricos, muda completamente de clima ao tocar um choro de Ernesto Nazaré. A música de Ernesto Nazaré desafia o tempo. Ela é um exato intermediário entre a música popular e a chamada música clássica ou erudita.



                    O Ernesto Nazaré foi um homem de vida muito modesta que dava aulas de piano, compunha e pouquíssimo ganhava com isso. Tocava piano nos cinemas, ao tempo do cinema mudo para distrair a platéia e acompanhar o filme. Morreu esquecido e insano em um asilo do Rio de Janeiro. Deixou obra absolutamente notável e muitos chegam a chamá-lo de Chopin brasileiro porque seus trabalhos dividem-se entre a simplicidade e a brejeirice dos ritmos que marcaram o princípio do século XX e, ao mesmo tempo, a beleza sonora de músicas de grande sentimentalidade.


3 - ARNALDO COHEN – ODEON – ERNESTO NAZARÉ


                   O chorinho Odeon, de Ernesto Nazaré, é uma das obras brasileiras com um número enorme de interpretações. Todos os pianistas amam tocá-la. Todos os conjuntos de choro a repetem e até versões cantadas existem como uma notável da cantora Nara Leão. Ela tem a leveza, a ingenuidade, a doçura, e um caráter leve, saltitante, malandrinho, que faz o ouvinte sonhar, colocando-o dentro de uma atmosfera leve, graciosa e agradável. Existe uma diferença fundamental entre ingenuidade e inocência. A ingenuidade é quase uma forma de alienação, embora carregada de pureza. Já a inocência é um estado primeiro da alma que faz com que não se veja nem exista nenhuma forma de maldade em tudo o que se faz. É uma espécie de pureza original.



                    Arnaldo Cohen toca o Odeon de maneira saltitante, graciosa, com a preocupação de não perder em nenhum momento o ritmo do choro, o andamento, o que o faz acelerar certas passagens e dá ao seu piano uma clareza muito grande, uma definição do que pretende, como pretende que soe esse chorinho Odeon, uma das obras primas de Ernesto Nazaré.


4 – JOSÉ FEGHALY – CHOPIN


                     O piano com a concepção que chegou até o momento do instrumento eletrônico, ou seja, o piano sem som eletrônico – o piano acústico – é um instrumento que vive o seu auge do fim do século XVIII por todo o século XIX e século XX. É um instrumento que vem para o primeiro plano. Seus intérpretes passam a ser famosos, requisitados, queridos, amados, e em alguns casos, idolatrados em todo o mundo. Ele consegue o prodígio - só possível ao órgão - de ser ao mesmo tempo, um instrumento de solo e de acompanhamento. Portanto, um instrumento praticamente completo.



                     Podemos nos perguntar por que o piano é mais popular que o órgão, já que o órgão possui uma riqueza sonora muito maior do que a do piano? Talvez porque o piano seja mais portátil. Os órgãos ficaram sempre imobilizados nas igrejas. Em segundo lugar, a gama de sonoridade do órgão é muito mais difícil de ser captada com precisão pelo disco, fazendo com que as grandes interpretações de órgão só sejam devidamente apreciadas ao vivo, o que limita a sua difusão. O piano vem, no século XX, para o primeiro plano das gravações com absoluta precisão nos registros dos discos.



                    Chopin é um compositor predominantemente de piano. O piano é o seu instrumento. Talvez como ele somente Liszt porque todos os demais fizeram maiores incursões pela orquestra e pela orquestra com piano. Inclusive Liszt e Chopin (com dois concertos para piano). Mas é a meditação serena de um ser diante de seu aparelho multiplicador da sensibilidade ao piano o que faz do piano romântico um marco na história. Praticamente nenhum pianista pode se considerar inteiramente formado no instrumento se não exercita uma boa passagem pela música romântica. A música romântica porque trabalha com o sentimento. É um desafio permanente para o pianista já que permite a possibilidade de exageros, ênfases, soluços, fazendo com que o pianista ainda se torne mais romântico do que a própria música escrita.



                     Daí porque seria bastante difícil uma interpretação contida da música romântica como José Feghaly em obra de Chopin. Tocando com extrema serenidade, sem preocupação de brilhos fáceis e levando quem ouve a um passeio por dentro de si mesmo a uma recordação emocionada de algo, algum devaneio. Em suma, como cabia ao romantismo, a alturas bastante sublimes do ser humano onde os românticos acreditavam que o ser humano encontraria, como de fato encontra, a sua melhor dimensão espiritual.


5 - DANG THAI JON


                     É sempre muito importante associar-se à observação do piano, a escuta da música de Chopin. Chopin nasceu em 1810 e morreu muito moço, de tuberculose. Veio da Polônia para França, onde faz enorme sucesso e ajuda à formação da escola romântica, que teria nele, em Schumann e em Liszt, os três da mesma idade, os grandes cultores até a metade do século XIX, cultores esses que depois encontraram em Brahms o seu grande continuador até o fim do século XIX. É o século do piano. Os compositores descobrem toda gama de sonoridade do instrumento; toda a sua possibilidade de harmonias; toda a sua possibilidade de acordes; todas as suas possibilidades técnicas; todas as passagens pelas regiões mais agudas e mais graves; toda a riqueza decorrente do dedilhar sobre as teclas, associado a dois pedais – um que funciona prolongando e aprofundando as sonoridades e outro que, ao contrário, funciona de certa maneira tornando o som mais seco, mais abafado, mais imediato e sem um prolongamento.



                     O piano desafia todo o século XIX e XX. É um instrumento por excelência completo e faz a formação da maior parte dos compositores e regentes. O pianista Dang Thai Jon tem uma grande segurança técnica, uma interpretação serena de Chopin muito mais na linha da confidência do que na linha do discurso ou da grandiloqüência exaltada com a qual muitos pianistas preferem tocar a música de Chopin. Suas mãos magras são sobremaneira flexíveis. É interessante observar como trabalham independentemente as duas mãos - o que de todas é a maior dificuldade dos pianistas - e como ele consegue que a sonoridade da mão esquerda tenha o mesmo valor da sonoridade da mão direita embora no acompanhamento. Possui mãos magras em contraste com seu rosto redondo e uma grande capacidade de concentração.



                       O piano aberto dá para perceber nitidamente a batida das teclas, como que salta nas cordas - cordas muito fortes e metálicas - cujo som totalmente desta natureza do metal é abafado pelo fato de que o martelo que pressiona as teclas ser acolchoado com uma substância especial, que permite essa sonoridade, sonoridade essa ampliada pela grande caixa de ressonância que é a madeira da parte de baixo do piano. Ao mesmo tempo, pela sonoridade ao se abrir a tampa do piano, deixando com que o som cresça e apareça normalmente. Em outras palavras, o piano amplifica o toque dos dedos nas teclas.



                      Para quem nada sabe de música, talvez seja interessante dizer algo que todos sabem: nas teclas brancas estão as sete notas, dó, ré, mi, fá, sol, lá, si; e nas teclas negras estão as intermediárias, isto é, os sustenidos e os bemóis. A presença dessas notas e, ao mesmo tempo das intermediárias em sustenidos e bemóis, dá ao piano a variedade quase ou praticamente infinita de sons nele possíveis. No caso de Chopin, temos a preocupação com sons de extrema harmonia, beleza e capacidade de sedução.



                       Em uma valsa, o pianista Dang Thai Jon como que brinca acelerando-a e dando uma demonstração de técnica e leveza que se sobrepõe ao que poderia também ser o caráter meditativo da obra. É como uma espécie de prazer de tocar e de acelerar certas passagens para que se tornem mais graciosas, leves e agradáveis.



                      Chopin teve durante sua vida, como também cabe aos românticos, um sentido profundamente nacionalista – de uma Polônia que a seu tempo não era considerada como das nações mais evoluídas da Europa. Tanto que é na França que Chopin vem fazer fama e glória. Em algumas peças, o pianista faz questão de estabelecer o contraste entre passagens mais leves e alegres tocadas de modo rápido com as passagens meditativas.



                      Já em outra obra tem-se a força de marcha brilhante, de certa solenidade e garbo. O pianista a interpreta com uma aceleração destinada a destacar-lhe o brilho e mostrar a técnica. Outros pianistas preferem tocar a marcha de modo bem mais lento, marcando as notas, efetuando cada passagem, de certa maneira fazendo com que ela seja didática. Mas a sedução do piano virtuoso, o piano tocado com grande técnica, faz parte também do espetáculo musical.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Neste Natal...

Bons amigos
Machado de Assis

Abençoados os que possuem amigos,
os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede
não se compra nem se vende
amigo a gente sente!


Benditos os que sofrem por amigos
os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala
não questiona nem se rende
amigo a gente entende!


Benditos os que guardam amigos
os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora
amigo não tem hora
pra consolar!


Benditos sejam todos os amigos
que acreditam na tua verdade
ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção
é a base, quando falta o chão.


Benditos sejam todos os amigos
de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros
da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!


Neste Natal,  que o espírito da amizade esteja presente em todos os corações!



terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal musical na Cinelândia (2)

Primeiramente, falar desse metrô: um desrespeito, uma desorganização! 15 minutos esperando o trem,  já lotado na Saens Peña... Acho que essas obras não estão dando certo! Pelo menos, me contaram que a ponte sobre a Francisco Bicalho está linda! 

E hoje teve mais música na Cinelândia. Cheguei no finalzinho do espetáculo, bem no início do 4º movimento da 9º sinfonia, de Beethovem. Logicamente, estava lindíssima! Após, Holy Night, de Adam (peça que o coral da CFA já interpretou), Christmans Festival, de Leroy Anderson e a famosíssima Noite Feliz, de Joseph Mohr e Franz Gruber. Parabéns aos meus amigos Alfredo Lyrio e Geraldo Mathias, tenores do coro!

Estava mais cheio do que ontem! O povo vai chegando aos poucos, à medida que vão saindo do trabalho!

Na volta, mais metrô lotado!

Amanhã tem mais, com o ballet do Theatro. Mas eu não estarei lá!

Contem-me como foi!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Concertos de Natal do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Hoje começou as comemorações de Natal do Theatro Municipal do Rio. Foi montado um palco na Cinelândia e a Orquestra Sinfônica e Coro do Theatro Municipal, regida pelo Maestro Silvio Viegas, interpretaram a Marcha Nº 1 “Pomp and Circunstance”, de Elgar; The Coronation Anthem, de Haendel e Gloria, de J. Rutter. Também de Haendel, foi interpretada a famosa peça Aleluia, merecendo até bis! A orquestra, em solo, tocou a Valsa das Flores, do popular ballet O Quebra Nozes, do compositor russo Tchaikovsky.
O maestro teceu alguns comentários sobre as peças, destacando a obra de Rutter, que nunca fora interpretada na cidade do Rio.
Não estava lotado e o atraso incomodou um pouco. Mas valeu à pena! O coro e a orquestra estavam maravilhosos!
Amanhã tem mais! Confira no site do Theatro Municipal
a programação, que vai até o dia 23, quarta-feira.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Música, música e mais música...

O recital do último dia 28, anunciado no post anterior, foi um sucesso! Graças à boa vontade e dedicação de todos os envolvidos, o público aplaudiu de pé! As performances dos meus amigos tenores Frederico Ramos, Alfredo Lyrio e Geraldo Mathias foram excepcionais e nossa sintonia foi pra lá de harmoniosa! Quiseram até saber se nós tínhamos algum CD pra vender! Humm... ótima idéia para este ano de 2010! E não podemos nos esquecer do jantar que estava delicioso, graças ao talento e criatividade do cheff Biagiotti.

Também não posso deixar de falar sobre o Coral da Casa de Francisco de Assis o qual sou o pianista acompanhador! Este ano foi difícil, mas todos cumprimos com nossas obrigações! Teve, inclusive, uma matéria sobre nós no jornal de circulação interna da Casa:



E que a música preencha ainda mais o ano de 2010!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Últimos ingressos para Noite Italiana - 28/11/2009

Estamos oferecendo os últimos convites para a Noite Italiana. Como a procura foi grande, infelizmente não poderemos dispor de convites a serem vendidos no local, para que possamos oferecer conforto na acomodação de todos os convidados. Peço então a todos que estiverem interessados entrarem em contato pelo telefone abaixo ou com Frederico Ramos para confirmação mediante depósito bancário ou pessoalmente.

Aproveito para apresentar o menu que será servido no dia:

MENU - Chef Biagiotti

Entrada:
Creme de abóbora c/ couve crispy

Prato Principal:

• Arroz de passas
• Mini medalhão suíno ao molho madeira cítrico -

Massas
• Penne ao sugo
• Tagliatelli ao fungui

Sobremesa:
• Tiramusu à moda do Chef

Bebida – Welcome Drink (inclusa):
• Vinho – Carmenere Seleção (uma taça por cliente)

3 TENORES EM CONCERTO

Repertório típico italiano
Medley - Número final


Grande beijo à todos!